sábado, 2 de março de 2013

Os cacos

(Enviada para o Pedro)                                                                                                                                                                                                 
O que será que vai ter para o jantar? O cheiro está delicioso e a mesa está arrumada. Agora, é só esperar a comida chegar. As panelas vêm à mesa, são abertas e podemos ver seu conteúdo: macarronada. À bolonhesa, para ser mais precisa. Um macarrão bem simples e gostoso. Perfeito. Delicioso. Todos nos    servimos e comemos. É só um jantar em família.
 Quando termino, levo o prato até a pia, mas paro antes de sair da cozinha. Pego um copo, encho de água e bebo um gole. O jantar me deu sede. Bebo o resto do copo e o deixo em cima da pia. Porém, só percebi depois, depois que virei que, por pura distração e descuido, esbarrei no copo, que estava colocado na beira da pia. Só pude assistir atônita, enquanto o copo caia e se aproximava rápido do chão. Em minha mente se passavam muitas reações: surpresa, irritação, medo, confusão. Mas – olhando de fora – não se via nenhuma reação física, apenas aquela expressão de total surpresa e, os meus olhos, arregalados, observando o copo em queda.  Só pude me mexer quando ouvi o barulho do vidro estourando no chão, se partindo em pedaços e os cacos do que antes era um copo, se espalhando pela cozinha. Logo que ouviram o barulho todos correram para ver o que havia acontecido. Porém ao contrario de mim, que ainda estava com o coração acelerado, eles agiram com a maior naturalidade e, quase que mecanicamente, enquanto meu pai me levava para a sala, minha mãe pagava a vassoura e varria os cacos. Mas, mesmo depois dos pedaços serem varridos e jogados fora e mais nada restando do copo, ainda persistia a pergunta: por que não tentei pegá-lo?

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